Uma advogada foi presa em flagrante ao tentar repassar cerca de 1 kg de cocaína e celulares a um detento da Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A Polícia Civil e a Polícia Penal confirmaram que a mulher já havia sido flagrada em 2021 em situação semelhante, atuando a serviço de uma organização criminosa.
O caso,
revelado no fim de maio de 2025, acendeu um alerta sobre o uso da profissão de
advogado como canal de apoio ao crime organizado dentro do sistema prisional
gaúcho.
Como a advogada agia
Segundo
as investigações, a advogada — cuja identidade não foi divulgada — vinha sendo
monitorada há semanas. Durante uma visita ao parlatório da penitenciária de
Montenegro, agentes desconfiaram de seu comportamento e realizaram uma
abordagem. Ela carregava porções de cocaína escondidas sob as roupas, além de celulares
e acessórios eletrônicos.
No
veículo dela, estacionado próximo à unidade, a polícia encontrou cerca de
R$ 10 000 em espécie, que podem estar ligados ao tráfico. A mulher foi presa em
flagrante e teve a detenção mantida após audiência de custódia.
Este não
foi o primeiro envolvimento da advogada com práticas ilícitas. Em 2021, na
Penitenciária Modulada de Charqueadas, ela foi flagrada com 21 celulares, 15
carregadores, 17 cabos USB, 16 fones de ouvido, além de um estilete e uma chave
de fenda — todos escondidos no banheiro da unidade prisional.
O que diz a OAB-RS
A Ordem
dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul (OAB-RS) se posicionou
de forma imediata. O presidente da entidade, Leonardo Lamachia, informou que
foi aberto um processo ético-disciplinar no mesmo dia da prisão e solicitada a suspensão
preventiva da advogada.
“Não
compactuamos com nenhum tipo de desvio de conduta. A advocacia deve ser
exercida com responsabilidade e respeito à legalidade. Casos como este serão
tratados com a firmeza que a situação exige”, declarou Lamachia.
Caso as
acusações sejam confirmadas, a profissional poderá ser expulsa dos quadros
da Ordem, perdendo definitivamente o direito de exercer a advocacia.
O que esse caso revela sobre o crime organizado
Este
episódio evidencia a estratégia das facções criminosas de cooptar ou
infiltrar profissionais com acesso livre às unidades prisionais, como
advogados e servidores públicos. A legislação brasileira garante prerrogativas
aos advogados, como o contato direto com seus clientes presos — o que,
infelizmente, tem sido explorado por organizações criminosas.
A entrada
de drogas, celulares e acessórios tecnológicos nas cadeias é um dos principais
desafios enfrentados pelas autoridades penitenciárias. Esses itens são
essenciais para que os líderes das facções mantenham contato com o mundo
externo, organizem crimes e controlem o tráfico mesmo de dentro da prisão.
Impacto e resposta das autoridades
O caso da
advogada integra uma série de investigações que vêm sendo conduzidas pela
Polícia Civil no estado. Em 2024 e 2025, diversas operações foram
deflagradas para combater a atuação de facções dentro das penitenciárias,
incluindo ações contra servidores e visitas suspeitas.
A prisão
da advogada não apenas reforça a gravidade do problema, como também serve de
alerta sobre a necessidade de revisar protocolos de segurança, inclusive no
contato entre presos e profissionais do Direito.
Conclusão
A prisão
da advogada revela uma face preocupante do crime organizado no Rio Grande do
Sul: a utilização da estrutura legal da advocacia para facilitar ações
criminosas dentro do sistema penal. A resposta rápida das autoridades e da
OAB-RS demonstra que há mecanismos para punir desvios de conduta, mas também
deixa clara a urgência de reforçar os mecanismos de controle.
Para o
sistema prisional, trata-se de um novo alerta. Para a sociedade, um chamado à
vigilância. E para a advocacia, uma lembrança de que o exercício da profissão
exige responsabilidade, ética e compromisso com a justiça.
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