Chegou novembro, e com ele, o maior evento de autoengano coletivo do país: a Black Friday, também conhecida como Black Trouxa. É o momento em que os brasileiros colocam o despertador pra acordar cedo, abrem o site da loja favorita e acreditam — de coração — que desta vez os descontos são reais.
Durante semanas, o comércio prepara o golpe com todo o capricho: aumenta os preços em outubro, pinta o número de vermelho em novembro e anuncia “50% off”. E pronto: o consumidor, movido pela emoção e pela falta de planilha, clica no comprar agora com o mesmo entusiasmo de quem acha que está ganhando dinheiro.
🛒 O brasileiro e a ilusão do preço baixo
A Black Friday virou praticamente um feriado emocional. A cada clique, o brasileiro sente uma pontinha de esperança: “Agora vai, esse desconto é de verdade!”. Mal sabe ele que o mesmo produto estava mais barato em março, só não tinha o charme da etiqueta preta piscando “oferta relâmpago”.
E o ciclo se repete: o celular que ainda presta “de repente” fica lento, a TV que funcionava bem agora parece pequena e o cartão de crédito — coitado — vira uma extensão do desespero parcelado em 12 vezes sem juros (mas com lágrimas embutidas).
🤡 O marketing do autoengano
Os lojistas, por outro lado, se divertem. Afinal, a Black Friday é o único dia do ano em que podem chamar aumento de desconto — e ainda serem aplaudidos por isso.
“É uma data linda. O consumidor se sente esperto por alguns minutos, e eles faturam por meses”.
Nas redes sociais, vídeos se multiplicam: gente comemorando o achado do ano. “Comprei esse notebook com 70% de desconto!” — mas a memória RAM e o bom senso continuam os mesmos do modelo anterior.
🎭 A grande farsa anual
Enquanto isso, os mais vividos observam de longe, com uma xícara de café na mão e o olhar de quem já viu esse filme:
“Ah, novembro… o mês em que o Brasil se transforma num grande shopping de ilusões.”
A Black Friday é, no fim das contas, o Natal antecipado do capitalismo: o presente é pra loja, o prejuízo é pra você.
📉 Conclusão: o desconto é emocional
Em Florianópolis, São Paulo, ou qualquer canto do país, o roteiro é o mesmo. A Black Friday chega prometendo economia, mas o saldo final é sempre igual: um boleto novo, um arrependimento fresco e um vendedor feliz.
Porque no Brasil, promoção boa é aquela que engana o bolso, mas aquece o coração.
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