Mesmo o cigarro eletrônico oferece riscos, pois as toxinas podem alterar células mamárias e reprodutivas, reduzindo chances de gravidez e aumentando complicações na gestação
Entre os fatores de risco para o câncer de mama, um hábito ainda subestimado tem ganhado destaque. O tabagismo, além de comprometer os pulmões, afeta diretamente a saúde da mama e a fertilidade feminina. Fumar acelera a perda da reserva ovariana, reduz as chances de gravidez e aumenta as falhas em tratamentos como a FIV, ao mesmo tempo em que eleva a probabilidade de desenvolver um dos cânceres que mais atingem mulheres no mundo.
Um estudo de 2011 publicado no BMJ acompanhou cerca de 80 mil mulheres por mais de 10 anos e verificou que aquelas que fumavam tinham risco 16% maior de desenvolver câncer de mama em comparação às que nunca fumaram. O mesmo estudo apontou ainda que mulheres nunca fumantes, mas expostas intensamente à fumaça de terceiros, apresentaram aumento de 32% no risco da doença.
O alerta se torna ainda mais urgente diante do recente crescimento de 25% no número de fumantes no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde. Pela primeira vez desde 2007, o país registrou alta significativa no consumo de cigarros, acendendo um sinal vermelho para autoridades de saúde e reforçando a importância de campanhas de conscientização, sobretudo entre jovens.
Tabagismo e fertilidade
No campo da fertilidade, o tabagismo acelera a diminuição da reserva ovariana nas mulheres, pode antecipar a menopausa e comprometer a qualidade dos óvulos, reduzindo as chances de concepção natural e também de sucesso em tratamentos como a FIV. Fumantes do sexo feminino tendem a responder pior à estimulação ovariana, apresentam taxas menores de fecundação e enfrentam maiores riscos de falhas de implantação e aborto espontâneo. Durante a gravidez, os riscos permanecem, com maior probabilidade de parto prematuro, descolamento de placenta e restrição de crescimento fetal.
“O fumo compromete não só a quantidade, mas também a qualidade dos óvulos. Isso reduz as chances de fecundação, aumenta os riscos de falhas de implantação e eleva a taxa de abortos espontâneos”, explica xxxx.
E-cigarros não são alternativa segura
Além dos cigarros convencionais, os dispositivos eletrônicos, popularizados entre os mais jovens, também representam risco. Um levantamento do Hospital das Clínicas de São Paulo mostra que substâncias presentes nos vapes — como nicotina, solventes e aromatizantes — têm potencial tóxico para as células reprodutivas, podendo prejudicar tanto a função ovariana quanto o processo de espermatogênese. Segundo a Anvisa, o consumo de cigarros eletrônicos cresceu 600% nos últimos seis anos e já soma cerca de 3 milhões de usuários no Brasil, número que acendeu alerta entre especialistas.
“A ideia de que o cigarro eletrônico é menos nocivo é falsa. Essas substâncias alteram o ambiente hormonal, afetam a morfologia dos gametas e prejudicam a implantação embrionária. Para quem deseja engravidar, abandonar o cigarro, seja qual for o tipo, é fundamental”, afirma xx, xx da Huntington Medicina Reprodutiva.
Câncer de mama e preservação da fertilidade
O tabagismo, portanto, não é apenas uma barreira para quem deseja engravidar: ele também está associado ao aumento do risco de câncer de mama, uma das doenças que mais afetam mulheres no Brasil e no mundo. Esse cenário torna a preservação da fertilidade ainda mais relevante. Mulheres diagnosticadas com câncer de mama em idade reprodutiva muitas vezes precisam passar por tratamentos agressivos, como quimioterapia e radioterapia, que comprometem a reserva ovariana. Nesses casos, interromper o tabagismo e recorrer a opções como o congelamento de óvulos antes do início do tratamento pode ser decisivo para garantir a possibilidade de maternidade futura.
“Cuidar da fertilidade passa também por reduzir riscos oncológicos. Parar de fumar é uma medida de prevenção não só contra a infertilidade, mas também contra o câncer de mama. Preservar a fertilidade significa olhar para o futuro com mais saúde e mais escolhas”, conclui a especialista da Huntington Medicina Reprodutiva.
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