Nova Erechim, Santa Catarina — Se você achava que já tinha visto de tudo na educação pública brasileira, prepare-se para a nova fronteira da eficiência administrativa: professoras proibidas de almoçar na escola.
Sim, leitor, você não entendeu errado. A Prefeitura de Nova Erechim decidiu que duas educadoras não podem mais comer dentro da escola onde trabalham. Motivo? Economia de energia elétrica e água.
Porque,
obviamente, um micro-ondas ligado 5 minutos por dia e uma geladeira com uma
marmita dentro são os grandes vilões do orçamento público.
“Quer
almoçar? Vai pra casa.”
Segundo o
setor jurídico da prefeitura, as servidoras deveriam “ter bom senso” e ir para
casa no intervalo.
Pequeno detalhe: algumas moram longe da escola, e o intervalo de almoço é
curto.
Mas quem se importa, não é mesmo? Afinal, professoras devem ser multifuncionais
— ensinam, corrigem provas, cuidam de alunos e, agora, podem treinar corrida de
resistência para almoçar a tempo de voltar à sala.
Economia de centavos, constrangimento em dobro
A
justificativa oficial seria cortar gastos com energia e água.
Deve estar caro manter um micro-ondas de 800W ligado por alguns minutos. Talvez
a prefeitura planeje zerar o déficit fiscal com essa manobra brilhante.
Enquanto isso, as educadoras — que não podem mais usar nem geladeira — estão
almoçando ao ar livre, no sol, no frio ou onde sobrar espaço.
É o “refeitório sustentável”: zero consumo de energia, alta dose de humilhação.
Mas calma: há coerência! (Ou quase)
A medida,
curiosamente, vale apenas para quem mora em Nova Erechim.
As professoras que vêm de fora podem continuar comendo na escola.
Aparentemente, as marmitas das moradoras locais consomem mais energia — talvez
por serem mais temperadas?
Sindicato e deputados entram na jogada
O caso
foi parar na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. A deputada Luciane
Carminatti (PT) já pediu explicações e o sindicato dos servidores estuda
acionar o Ministério Público do Trabalho.
Há quem diga que a decisão fere o direito a um intervalo digno e condições
básicas de trabalho, previstos em lei.
Mas quem precisa de lei quando se tem criatividade administrativa, não é mesmo?
Professoras viram símbolo de resistência
Solidárias,
colegas e moradores começaram a almoçar junto delas do lado de fora da escola —
uma mistura de protesto e piquenique pedagógico.
Talvez essa seja a nova tendência: ensino ao ar livre, refeição ao relento.
Uma verdadeira aula de cidadania (e paciência).
Conclusão: gestão modelo, literalmente
Enquanto
a maioria das cidades luta para valorizar seus educadores, Nova Erechim parece
ter encontrado o segredo da economia pública:
- cortar o uso do micro-ondas,
- punir quem traz marmita,
- e economizar em dignidade
humana.
Com tanta
eficiência, quem sabe a próxima medida seja cortar o giz para economizar pó de
lousa.
Ou implantar o “Programa Jejum Escolar”, onde servidores ensinam e aprendem a
lidar com a fome e o frio — sempre com um sorriso, claro.
Nova
Erechim: onde o almoço é proibido, mas o constrangimento é liberado. 🍱💡
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