Em Passo Fundo, andar de ônibus está virando quase um luxo de alto padrão. A tarifa técnica recém-calculada chegou a incríveis R$ 9,15. Isso mesmo: nove reais e quinze centavos para o privilégio de viajar em pé, sem ar-condicionado e, muitas vezes, torcendo para que o ônibus não quebre no meio do trajeto. Parece piada, mas não é — é conta oficial.
Tarifa técnica: o preço que ninguém paga, mas todo mundo sente
Esse valor é o chamado “cálculo técnico”, que serve para mostrar quanto custaria a passagem se fosse cobrada integralmente dos passageiros — incluindo combustível, manutenção, salários e, claro, aquele ar de modernidade dos ônibus que às vezes parecem saídos de museu.
No documento, até a própria empresa contratada pela prefeitura para calcular a tarifa reconhece o absurdo: “É um valor elevado de tarifa, se comparado com outros municípios do Estado, para um serviço essencial que prejudicaria em muito os seus usuários”. Tradução: é caro demais até para ser levado a sério.
Tarifa pública: a que realmente dói no bolso (por enquanto)
Enquanto a tarifa técnica assusta, a tarifa pública, aquela que realmente chega ao bolso do trabalhador, está em R$ 4,95. Um reajuste ainda não foi definido, mas, pelo andar da carruagem, dificilmente alguém acredita que vá permanecer assim.
A diferença entre a conta “ideal” (R$ 9,15) e a conta “real” (R$ 4,95) é paga com dinheiro público, via subsídio. Sim, todos ajudam a bancar a passagem — até quem nunca subiu num ônibus.
O subsídio: quando a conta chega pelo imposto
A prefeitura aprovou, em 2023, o subsídio ao transporte coletivo, que passou a ser aplicado em 2024. O argumento? A empresa alegou que, desde a pandemia, perdeu passageiros e não consegue mais fechar as contas sozinha. Resultado: R$ 1,5 milhão por mês saindo do cofre público para segurar a tarifa.
E tem mais: se a passagem ficar nos atuais R$ 4,95, esse valor precisaria saltar para quase R$ 2,9 milhões mensais. Dá pra imaginar o buraco no orçamento — mas, pelo menos, ninguém vai poder reclamar de falta de emoção na vida financeira do município.
A comparação que incomoda
Agora vem o detalhe que deixa qualquer passageiro de Passo Fundo com a pulga atrás da orelha: em cidades três vezes maiores, as passagens não passam de R$ 5,20 — e, pasme, sem subsídio da prefeitura. Se lá dá certo sem precisar sugar mais do bolso do contribuinte, por que aqui a conta não fecha? Não sei não… mas parece que tem chuxo nessa matemática.
2026: o ano da verdade
A decisão final vai depender da licitação do transporte público, prevista só para 2026. Até lá, a população segue nesse suspense: pagar quase R$ 7,00 (na versão “otimista” do cálculo) ou assistir ao subsídio engordar ainda mais a conta pública.
Enquanto isso, o cidadão comum continua esperando no ponto de ônibus, tentando não pensar que poderia estar gastando o mesmo valor em um lanche completo — e com direito a refrigerante gelado, que, convenhamos, é bem mais confortável do que enfrentar uma viagem lotada e sem ar-condicionado.





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