Abertura do Congresso sobre Adolescência destaca saúde mental, imunizações e uso seguro de tecnologias

Labels:

Abertura do Congresso sobre Adolescência destaca saúde mental, imunizações e uso seguro de tecnologias


Quinta-feira (18/09) reuniu conferências internacionais, painéis com especialistas e produção científica

O 17o Congresso Brasileiro sobre Adolescência, realizado pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), foi aberto oficialmente nesta quinta-feira (18/09), destacando a importância de debater temas como saúde mental, imunizações, violência e convivência com tecnologias. Durante a solenidade de abertura, no período da manhã, o tom central foi de necessidade de uma atenção maior a essa faixa etária, tanto em políticas públicas nacionais, como no atendimento médico. O esforço coletivo para qualificar o atendimento ao adolescente foi destacado pelo presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, José Paulo Ferreira.

“Ver toda essa quantidade de profissionais reunidos para enfrentar uma tarefa tão desafiadora, que é trabalhar com adolescentes, é motivo de grande satisfação. Estamos empenhados em fortalecer o papel do pediatra nesse processo e contamos com o total apoio da SBP para avançarmos na capacitação e na qualidade do atendimento. É uma honra recebê-los em nossa terra, no Rio Grande do Sul, e poder oferecer palestras, discussões, trocas de experiências e contatos que reforcem cada vez mais o cuidado com a adolescência no Brasil”, declarou.

Abertura do Congresso sobre Adolescência destaca saúde mental, imunizações e uso seguro de tecnologias


A presidente do Congresso, Dra. Lilian Day Hagel, destacou a satisfação com os resultados do encontro.

“Conseguimos trazer profissionais qualificados e diferenciados, muitos deles tendo contato pela primeira vez com a nossa especialidade e percebendo quantos adolescentes atendemos e como atuamos. Também é muito significativo termos em nossa recepção laboratórios e editoras que passaram a nos conhecer, pois isso reforça o quanto é importante e necessário o trabalho de quem prescreve, examina e cuida do adolescente”, afirmou.

O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Dr. Edson Ferreira Liberal, falou da importância do evento. 

“Quero agradecer a todos que se uniram nesta causa e destacar o empenho da Sociedade Brasileira de Pediatria em valorizar o adolescente. Esse compromisso reforça que investir na juventude é investir em um futuro mais justo, saudável e cheio de oportunidades para todos", declarou. 

A consultora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Luisete Moraes Bandeira, manifestou a alegria em participar do encontro.

“Fico honrada de participar desse trabalho que a Sociedade Brasileira de Pediatria realiza com tanta força e compromisso, não apenas no Congresso, mas em várias iniciativas. Contem conosco para fortalecer esse trabalho conjunto. Estamos à disposição para colaborar nesta e em outras ações”, declarou.

A chefe de Saúde e Nutrição da Unicef no Brasil, Luciana Phebo, ressaltou a importância da integração entre diferentes áreas da saúde no cuidado com adolescentes.

Abertura do Congresso sobre Adolescência destaca saúde mental, imunizações e uso seguro de tecnologias


“É uma honra estar aqui ao lado de pediatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e odontólogos. A saúde do adolescente precisa ser trabalhada de forma multidisciplinar e intersetorial. Participar de um congresso como este, que congrega pessoas, é uma oportunidade de trocar experiências, aprender com o que os outros estão fazendo e, ao mesmo tempo, estar aberto a novos conhecimentos. Esse é o nosso desejo para estes dois dias de encontro”, declarou.

O alerta sobre a necessidade de dar mais atenção aos adolescentes no Brasil foi enfatizado durante o congresso pela representante do Ministério da Saúde, Denise Campos.

“Hoje temos mais adolescentes do que crianças no país, e isso não significa, de forma alguma, desvalorizar a infância — que continua sendo prioridade. Mas é preciso compreender que de nada adianta investir tanto na primeira década de vida para, depois, negligenciar a adolescência. Precisamos de uma política nacional que assegure os direitos dos adolescentes, e, como profissionais, temos a responsabilidade de sermos vocais nesse debate”, declarou.

Em um ponto alto da solenidade, um grupo de cerca de 20 adolescentes da Fundação Pão dos Pobres, foi convidado a subir ao palco e de forma coletiva fizeram a leitura de uma carta na qual manifestaram direitos dos adolescentes na sociedade atual.

A enfermeira do Pão dos Pobres, Kátia Lopes Inácio, destacou a emoção de participar do encontro e explicou o trabalho desenvolvido pela instituição.

“Ver vocês aqui realmente me emocionou. Sou enfermeira responsável pela taxa de acolhimento do Pão dos Pobres, onde contamos com três grandes espaços de atuação: o programa de aprendizagem profissional, que envolve jovens; o acolhimento institucional, também voltado a adolescentes; e o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. É nesse conjunto de iniciativas que buscamos oferecer cuidado e oportunidade para tantos meninos e meninas”, declarou.

Abertura do Congresso sobre Adolescência destaca saúde mental, imunizações e uso seguro de tecnologias


Íntegra da Carta – Adolescentes do Pão dos Pobres

Estamos aqui em nome de muitos adolescentes brasileiros que enfrentam desigualdade, violência e abandono. Cada um de nós carrega marcas de perdas e dificuldades, mas também a certeza de que o futuro pode ser diferente — se nossa voz for levada a sério. Somos jovens que acreditam na força do estudo, do trabalho, da arte e da educação para transformar vidas. Viemos de histórias diferentes, mas temos em comum o desejo de crescer, conquistar autonomia e mudar não só o nosso destino, mas também o de nossas famílias e comunidades.

Adolescentes não precisam só de assistência: precisam de direitos. Direito a estudar, sonhar, viver com segurança, receber cuidado, educação e proteção. Pedimos oportunidade. Queremos que a sociedade enxergue nosso valor, porque carregamos ideias, talentos e sonhos que podem transformar o mundo — se tivermos espaço e apoio. Não aceitamos que infância e adolescência sejam vistas como etapas descartáveis. Queremos respeito às diferenças, igualdade de gênero, participação nas decisões e políticas públicas que cheguem até nós.

No Pão dos Pobres aprendemos a acreditar em nós mesmos e a enxergar nosso potencial. Mas sabemos: isso não basta. Precisamos que as portas lá fora também se abram – para cursos, estágios, cultura, esporte, tecnologia. Queremos ser reconhecidos como potência, não como problema. E lembramos: nenhuma instituição substitui uma família que cumpre seu papel. Por isso, pedimos que nossas histórias sejam olhadas não com pena, mas com compromisso. Queremos ser artistas, professores, advogados, psicólogas, veterinárias, programadores. Queremos contribuir com a sociedade. Para isso, pedimos investimento na juventude. Porque quando um jovem realiza um sonho, transforma não só sua vida, mas também tudo ao seu redor. O que desejamos é simples: respeito, dignidade, oportunidades reais. Queremos caminhos, não atalhos.

Essa é a nossa voz: uma voz que pede escuta, mas também ação. Uma voz que acredita em um amanhã melhor — e que esse amanhã começa agora.

Programação

Pela manhã, as sessões de Temas Livres e Pôsteres Comentados abriram a programação com trabalhos de instituições gaúchas — entre eles estudos da PUCRS e do Grupo Hospitalar Conceição — sob comentários da pediatra gaúcha, Maria Cecília de Oliveira Almeida (RS) e da hebiatra, Priscila Coelho Amaral (RS).

A cerimônia de abertura antecedeu a conferência “The Mediatrician’s Guide: convivência saudável com a tecnologia”, coordenada pelo pediatra do RS, José Paulo Vasconcellos Ferreira (RS), com palestra do convidado internacional Michael Rich (EUA). Na sequência, o painel “Violência: quando suspeitar e como identificar no contexto ético e legal”, coordenado pelo pediatra e professor, Ricardo Becker Feijó (RS), reuniu autoridades do Estado: Denise Vilella (RS), Angelita Rios (RS) e Mariele Aparecida Diotti (RS) abordaram, respectivamente, o papel do Ministério Público, aspectos periciais e a rede de acolhimento e apoio.

O turno do meio-dia trouxe a conferência “Quem atende os adolescentes?”, coordenada por Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT), com exposição da hebiatra gaúcha, Lilian Day Hagel (RS). À tarde, a agenda contemplou atualização em rastreio do uso de substâncias psicoativas na adolescência, seguida da comunicação breve “Dermatoses prevalentes na adolescência: dermatite atópica e acne, o possível e o eficaz”, apresentada pela dermatologista, Clarice Gabardo Ritter (RS). O foco em saúde mental ganhou relevo na conferência “A saúde mental dos jovens precisa estar no foco do pediatra e dos médicos de adolescentes”, coordenada por Lilian Day Hagel (RS), com palestra do psiquiatra, Luís Augusto Rodhe (RS).

No bloco final, o painel “Imunizações na adolescência: desafios, realidade atual e novas perspectivas”, coordenado por Ricardo Becker Feijó (RS), discutiu calendário ideal, cobertura vacinal, boas práticas e experiências internacionais. Em paralelo, novas rodadas de Temas Livres e Pôsteres Comentados envolveram docentes e pesquisadoras do RS, como Maria Cecília de Oliveira Almeida (RS), Marina Picolo Menegolla (RS) e Rafaela Wolf Baptista (RS). A programação encerrou com participação cultural de adolescentes, reforçando o espaço de escuta qualificada e protagonismo juvenil.

As atividades prosseguem ao longo da sexta-feira e sábado. A programação completa pode ser conferida no link https://www.sbp.com.br/especiais/eventos/17-congresso-brasileiro-de-adolescencia/programacao/

Redação: Marcelo Matusiak

Abertura do Congresso sobre Adolescência destaca saúde mental, imunizações e uso seguro de tecnologias


Sobre a Sociedade de Pediatria do RS

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.

0 COMENTÁRIOS. AQUI:

Postar um comentário

 
F371235113DFD6DAD8D285E7F677C176