Valor dos pedágios alerta setor produtivo gaúcho

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Atenção vermelha nas estradas – Empresários, lideranças logísticas, agrícolas e representantes de entusiastas do setor produtivo do Rio Grande do Sul soam o alerta: os custos do pedágio, apesar de revisões recentes, ainda têm potencial de elevar significativamente a conta dos fretes e repassar esse impacto à população.

Reajustes em foco

No início de fevereiro de 2025, as tarifas da concessionária CSG, que atua na Serra e no Vale do Caí, sofreram novos ajustes anuais que variaram entre 5,36% e 5,46%, levemente superiores ao IPCA de 4,83% do período Isso resultou em tarifas como:

  • São Sebastião do Caí: de R$ 12,30 para R$ 13,00;
  • Capela de Santana: de R$ 9,00 para R$ 9,50;
  • Farroupilha: de R$ 10,70 para R$ 11,30

Enquanto a concessionária explica que tais ajustes consideram fatores contratuais como recomposição inflacionária e segurança viária, o setor produtivo levanta dúvidas sobre a proporcionalidade dos descontos e investimentos efetivamente realizados .

Revisão da concessão do Bloco 2

Em projeto recente de concessão do chamado Bloco 2, que abrange 415 km de rodovias — incluindo ERS‑128 a ERS‑453 — e conecta 32 municípios, o governo gaúcho anunciou:

  • Acréscimo no aporte público de R$ 1,3 bi para R$ 1,5 bi (via Funrigs);
  • Redução da tarifa-teto de R$ 0,23/km para R$ 0,18/km (ou R$ 0,19 com ISS)
  • Sistema Free Flow com 24 pórticos espalhados ao longo do bloco.

A modelagem foi ajustada com base em mais de 390 contribuições coletadas durante consulta pública e reuniões. A previsão é de leilão ainda em 2025 na B3, com banco estrutural apoiado pelo BNDES

Impacto no custo logístico

Entidades como Farsul, Fiergs, Federasul e Câmara da Indústria do Vale do Taquari cobram análise técnica rigorosa sobre volume de tráfego e custos operacionais. A Fiergs alerta que “com rodovias duplicadas, há um aumento de 30 % nas tarifas, agravando os custos logísticos”

O vice-presidente da Federasul ressalta a importância de garantir “uso racional de um fundo público limitado”, evitando modelos de concessão que penalizem economicamente a cadeia produtiva

A CIC do Vale do Taquari encomendou estudo para confrontar o adequado VDM (Volume Diário Médio) com a proposta de licitação e, com base nos resultados, apontar rota para definição da tarifa

E o produtor rural, como fica?

A dependência do modal rodoviário no escoamento de grãos, carnes, leite e derivados torna o setor rural especialmente sensível ao aumento das tarifas. Municípios castigados pelas enchentes de maio de 2024 — que danificaram cerca de 13,7 mil km de vias no RS — poderiam ter acesso a isenções temporárias ou subsídios, conforme proposto por lideranças empresariais.

 Propostas e pressão política

O setor produtivo pressiona por transparência no cálculo das tarifas, revisão dos parâmetros VDM e, em alguns casos, suspensão temporária da cobrança para regiões mais afetadas. Parlamentares gaúchos deverão pressionar o governo federal por medidas de neutralização do impacto.

 Alternativas logísticas

Enquanto isso, negócios no agronegócio e comércio buscam rotas alternativas:

  • Trechos secundários — menos pedagiados, porém mais demorados;
  • Investimentos em modal ferroviário e hidroviário — ainda incipiente no RS, mas com potencial de descongestionamento.

Conclusão

O desafio é claro: harmonizar investimentos em infraestrutura (duplicações, terceiras faixas, resiliência climática via free flow) com tarifas justas. Embora haja esforço de gestão e aporte público, o alerta do setor produtivo soa verdadeiro — sem revisão contínua e aperfeiçoamento do modelo, os custos logísticos podem sufocar a competitividade gaúcha, especialmente em regiões castigadas por perdas climáticas recentes.

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